“UM BREVE REGISTRO FAMILIAR COMO LEMBRANÇA E RECORDAÇÃO PARA MEU FILHO, EMIL (MATSCHULAT) FLOR.”
Dos nossos antepassados, meu filho, eu não sei muito, mas o que sei compartilharei com você. Seus bisavós — ou seja, os pais dos meus pais — eu só conheci as mães; nunca conheci meus avôs, pois já haviam falecido. Os pais de seu avô moravam em uma vila chamada Werezkepken, perto de Pillkalen, cidade do distrito (Kreistadt) na Prússia Oriental, Alemanha. Sua bisavó por parte de pai viveu até os 94 anos e faleceu vários anos depois que chegamos a Linha Formosa (via Santa Cruz, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil). Ela se casou novamente, mas eu também não conheci o segundo marido, que já era falecido. Seu nome era Karoline, e o segundo marido chamava-se Beschat; ele faleceu no final de 1890 em Koenigshuld, na região de Loebgallen, distrito de Pillkalen.
Sua bisavó por parte de mãe era uma senhora Brandt, de Kussen, distrito de Pillken. Se não estou enganado, ela tinha entre 65 e 70 anos quando faleceu, em 1861 ou 1862, em Eydtkuhnen (Prússia Oriental), na casa da filha mais velha. O marido dessa filha chamava-se Fritz, ele era pintor.
Meu pai, Heinrich Matschulat, nasceu na vila de Werzkepken, creio que no ano de 1824. Minha mãe, Louise Henriette, de sobrenome de solteira Brandt, provavelmente nasceu por volta da mesma época, cerca de 1821, na cidade de Kussen. Meu pai viveu até os 81 anos e minha mãe até os 84. Ele morreu na cidade de Eydtkuhnen, e ela em Nawroschatschen, uma grande vila perto de Gumbinnen (capital de distrito), onde vivia com meu irmão mais novo, Otto Matschulat, que possuía terras ali.
Como você provavelmente sabe, tive quatro irmãos. O mais velho, Friedrich Matschulat, foi soldado na primeira guerra franco-prussiana (1870–1871). Ele nasceu em 31 de agosto de 1864 e faleceu há alguns anos em Koeningshuld, distrito de Pillken, onde tinha uma fazenda. Seu filho, Ludwig Matschulat, seu primo e nosso irmão na fé (batista), herdou a fazenda do pai e vive lá. A esposa de meu irmão mais velho faleceu há alguns anos; seu nome de solteira era Amalie Klein. Eles também tiveram uma filha, Minna Matschulat, cujo marido se chama Dath e vive em Linha Formosa. Wilhelm Matschulat, seu irmão (também vivendo em Linha Formosa), trouxe-a da Alemanha, conforme era sua vontade.
Meu segundo irmão foi Ludwig Matschulat, que viveu muitos anos em Eydtkuhnen e Insterburg, trabalhando na ferrovia. Ambos, ele e a esposa, já faleceram. Tiveram vários filhos. A filha mais velha, Helene, vive em Gumbinnen.
Depois sou eu, August Matschulat. Nasci em 1º de agosto de 1853 em Kussen. Sua mãe nasceu em 14 de outubro de 1849 em Pauliken, uma vila perto de Willuhnen. O pai dela, Andreas Helfensteller, era alfaiate e pequeno agricultor, nascido em Jodezen, vila próxima a Pillkallen; viveu até os 81 ou 83 anos. A mãe de sua mãe, de sobrenome Bilinsky, era supostamente de ascendência polonesa. Sua mãe, Louise Henriette Helfensteller, faleceu em 30 de junho de 1913 (está enterrada em Porto Alegre, RS, Brasil).
Meu irmão Heinrich Matschulat ainda vive em Eydtkuhnen. Ele nasceu em 1857 em Kussen, uma grande cidade com igreja (Kirchendorf). Depois, mudamo-nos para Eydtkuhnen. Meu irmão mais novo, Otto Matschulat, nasceu em 1865 em Ezerkemen, próximo a Eydtkuhnen. Ele não tem filhos.
Casei-me com sua mãe em 10 de novembro de 1876 em Eydtkuhnen. Antes disso, morei por três anos em Koenigsberg, depois fui soldado em Berlim por três anos (na guarda pessoal do Kaiser Wilhelm). Morei quatro anos em Eydtkuhnen, doze anos em Kowno (Lituânia, Rússia), e então, de outubro até 11 de julho de 1893, voltamos para Eydtkuhnen. Em 27 de setembro nos mudamos para Linha Formosa (Rio Grande do Sul, Brasil), onde passamos catorze anos como colonos — com sua mãe e vocês, nossos filhos. Depois, trabalhei doze anos e dois meses no banco em Porto Alegre.
Esse é um breve relato de tudo que consigo lembrar.
Seu pai amoroso,
August Matschulat